As chamadas ironias do destino podem ter vários sabores. Por vezes são fantasticamente
doces. Deve ter sido isso o que sentiram muitos professores quando tomaram conhecimento da
demissão do secretário de estado Grancho, sabendo dos verdadeiros “motivos de ordem pessoal” que a motivaram.
Os vagos e formulaicos “motivos de ordem pessoal” servem geralmente para ocultar qualquer coisa. É como quem diz: “não têm nada a ver com isso”. Só que, neste caso, já toda a gente sabia que João fora expulso da sala por ter sido apanhado a copiar os trabalhos de outros meninos. A ironia da coisa é tão perfeita que parece inventada, uma vez que foi este o secretário de Estado responsável pela prova de avaliação dos professores, elemento central de uma política que tem a “exigência” como norte. Um plágio manhoso como aquele que perpetrou parece demasiado bom para ser verdade.
Os vagos e formulaicos “motivos de ordem pessoal” servem geralmente para ocultar qualquer coisa. É como quem diz: “não têm nada a ver com isso”. Só que, neste caso, já toda a gente sabia que João fora expulso da sala por ter sido apanhado a copiar os trabalhos de outros meninos. A ironia da coisa é tão perfeita que parece inventada, uma vez que foi este o secretário de Estado responsável pela prova de avaliação dos professores, elemento central de uma política que tem a “exigência” como norte. Um plágio manhoso como aquele que perpetrou parece demasiado bom para ser verdade.
A única “razão pessoal” compreensível para a demissão do dr. Grancho seria
um sentimento de vergonha, mas isso não parece possível vindo de alguém que teve
a pouquíssima vergonha de ir pregar sobre a “dimensão moral do professor”
cometendo no ato a fraude académica mais rasteira e preguiçosa, que consiste na
pura e simples reprodução, ipsis verbis,
pontuação incluída, de grandes nacos de prosa que outros haviam transpirado,
ainda por cima tendo a distintíssima cara de pau de publicar e assinar o servicinho,
sem nunca revelar sombra nem penumbra dos verdadeiros autores.
Se Grancho estudou liderança no seu mestrado de administração escolar, deve
saber que não há melhor liderança do que a do exemplo. Na nau da educação cujo
comando lhe entregaram (seguramente por mérito demonstrado em currículo
académico e profissional sólido e sério), mestre João decidiu ser capitão
Grancho.
Dustin Hoffman como Capitão Gancho |
Num país cuja sociedade entendesse a seriedade da fraude de plágio, o
senhor não teria apenas a sua carreira política e reputação académica
arruinadas, poderia também sofrer sanções, inclusivamente penais. Mas agora
esperem só para ver o castigo que espera este probo e profundo estudioso da
autonomia escolar. Aceitam-se apostas.
Sigam o capitão Grancho. Em terra de cegos, piratas são reis.
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