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1
Das coisas que me ocupam neste estio extraio
a vontade de ouvir a quem corrige
o pequeno mundo, quem endireita a sombra
quem amolece a pedra, quem levanta o pó quando passa
um vento temporão. A pena que me faz o abandono
da faculdade humana de calar.
2
Vejo pousar a tarde nos ombros de quem volta
uma e outra vez, ao lugar onde perdeu o cão.
Olha em redor primeiro, curva-se para apertar
o atacador, não se lhe vê o rosto até se erguer
de novo, afasta dos olhos com as costas da mão
talvez suor e segue.
3
Das coisas que me ocupam neste estio é a água
que mais importa e depois as palavras que são
como a água e depois as pessoas que às vezes
são como a água e se eu tiver sede é a água
que mais importa. Deixo quase tudo correr
como se nada fosse meu.