08 setembro, 2017

Sombra

Tim Noble and Sue Webster






 As cavernas que habitamos habituam-se

à nossa cuidada negligência. A constante

circum-navegação do mobiliário, a pressa de partir

na hora da rapina, as horas largas de ausência e no regresso

o rasto da fuga, o rosto da fadiga, a queda livre

no sono ou o naufrágio da insónia e o sol

pela manhã de novo amotinado.


As cavernas que habitamos vestem-se

de nós como de sombra.


Sem título (em caso de dúvida)

        Marc Chagall, Homenagem a Apollinaire (1912) Sabemos pouco e sonhamos mal e nesta abundante insuficiência cabe bem a vida breve,...